Academias são aqueles lugares onde você encontra quase todos os tipos de gente:
jovens, velhos, puro-ossos, gordos, marombas, nerds, velhos marombas também e até crianças
(que quase se matam nas máquinas). Em todas as minhas eventuais visitas à academia, a mim sempre
se destacou um determinado grupo: os desempregados.
É difícil definir, porém quando vejo um, logo penso "olha lá, aquele ali deve ser definitivamente um desempregado".
Na minha visão, entra nessa raça os caras que terminaram o ensino médio há vários anos mas continuam com rosto de adolescente,
praticamente moram na academia e geralmente têm um corpo malhado.
Ok, talvez seja preconceito meu, mas convenhamos que o maluco de 20 anos que vai para a academia
todos os dias provavelmente não tá trabalhando. Eu olho para eles e imagino:
- "O que será que ele faz o resto do dia? O que ele pensa? Será que está feliz?"-
Considerando que eles são shapados demais, provavelmente estão felizes. Ou não. Eu estaria, pessoalmente.
Na verdade, esse julgamento que tenho com os desempregados do gym vem de um medo meu de parar nessa mesma situação:
recém-formado, não passei nos vestibulares e vou ter que ficar um ano inteiro estudando e com ansiedade. Afinal, tudo que
recém formados sabem fazer é dormir, jogar, ir na academia e ter crises existenciais.
Talvez a realidade não seja como eu vejo, talvez eles possuem, sim, emprego e se esforçam muito todos os dias.
Não tenho como saber porque, no final, a única vez que os vejo é na academia, que representa apenas uma parte da vida deles.
Só espero que eu pule essa fase e não termine também como um desempregado da academia e que algum moleque enxerido escreva uma dissertação sobre mim.
Esse texto foi inspirado pelo cara que vi na academia em fevereiro e que me levou a escrever isto. Obrigado, pai fundador da raça dos desempregados.